terça-feira, 31 de agosto de 2010

Poupatempo - missão incompleta.

Minha missão era ir ao Poupatempo. Já esperava não encontrar uma unidade em locais como Morumbi, Itaim ou Jardins. A única opção na zona sul é Santo Amaro. Como já tinha ouvido falar no Largo 13, era a minha chance de aproveitar e conhecer o dito melhor comércio popular da zona sul.

Uma das coisas mais impressionantes no meu trajeto, que merece um parágrafo, é a estátua do Borbagato. O ícone do mau gosto na cidade. Não sei ainda se chega a ser pior que a arquitetura da Daslu. Algo a se refletir.

Voltando ao Largo 13. Ótimo acesso pela Avenida Santo Amaro, com boas opções de estacionamento nas redondezas.

O Largo 13 não chega a ser completo como a 25 de março. Mas ali é possível garimpar boas opções de roupas – para todas as idades! - e brinquedos. Mas lembre-se que a arte de garimpar não é pra qualquer um. Pra começar, você precisa ser um desocupado. Porque garimpar dá trabalho. E toma horas do seu dia. Mas cada minuto de dedicação não será em vão.

Uma boa dica é ir disfarçado de povão. Pense em ter no seu guarda roupa, uma vestimenta própria para ir a locais como o Largo 13 ou a 25 de março. Nada de bolsa de couro ou sapatos de salto. O ideal é uma bolsa de alça comprida e um tênis bem surrado. Tudo pelo conforto.

No largo 13, você encontra diversas óticas com serviços muito eficientes. Tá certo que você não achará óculos Dolce & Gabana ou Armani. Mas encontrará Benettons muito honestos. O melhor é que seus óculos ficam prontos em uma hora. E durante essa horinha você dá uma boa rodada pelas redondezas. Explorei tão bem a minha hora que acabei me empolgando. Echarpe estampada de algodão por 5 reais, tênis de camurça super estiloso para meu pequeno por 23 reais e uns vinte potes de plásticos vagabundos porém irresistíveis por 10 reais. Quando olhei, três horas já tinham se passado. Já era hora de voltar. Nem dava mais tempo de ir ao Poupatempo. Semana que vem voltarei lá.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Domingo de sol na paulicéia

Morar longe da praia faz a gente adquirir estranhos hábitos.

Um deles é ir ao museu em um lindo dia de sol.

No último domingo, fui com meu pequeno, de oito anos, a uma das oitocentos e noventa boas exposições da cidade – a do Keith Haring. Devo confessar que a primeira reação que tenho, ao pensar na possibilidade de visitar uma exposição é a inércia. Sim, a inércia. Tão mais fácil esse negócio de visita virtual, não?! Passada essa vergonhosa primeira etapa, sigo rumo ao Conjunto Nacional.

Keith Haring é tudo aquilo que a gente imagina. E mais um pouco. Além de você ver uma explosão de cores, alegria, loucura e, porque não, pornografia, vai ter a chance de ver o seu acervo pessoal. Confesso que rolou um ligeiro mal estar com meu pequeno ao olharmos aqueles homenzinhos de quatro, sendo currados por et’s. Ainda bem que ele correu pro segundo andar. Mãe, vem ver que irado! Subi a escada correndo, imaginando o ápice da pornografia.

Eis que me deparo com o seu acervo pessoal. Não falo do seu tênis Nike surrado, nem dos seus skates hiper coloridos - que era a coisa irada que o João queria me mostrar. Falo dos registros lindos de sua passagem pela Bahia. Momentos de uma temporada em Trancoso, na casa do artista Kenny Scharf, casado com uma brasileira. O envolvimento dele com a família do amigo, é das coisas mais lindas. Suas polaroides no lago mostram momentos raros, singelos.

E o que dizer de suas lindas cartas enigmáticas, cheias de símbolos infantis e texto poético? Com isso, você decifra o que movia esse artista e tamanho talento. A gente imagina esse artista arrojado e moderno, cercado de luxúria e loucura. E ali, no 2º andar da exposição, concluimos que é pura fantasia da nossa mente sórdida – pelo menos a minha sei que é.

Aquele mezanino abriga a sua verdadeira identidade. Sua ingenuidade, pureza, docilidade. Um encantamento com a vida simples, que chega a dar inveja. E um sujeito surpreendentemente organizado. Suas anotações e compromissos eram anotados com ordem e até comentários. Entre eles, imagens de carimbos divertidos, como numa agenda de adolescente. Não poderia ser um carimbo qualquer. Seu carimbo também é pop. Diversas cabecinhas do Mickey habitam os seus compromissos.

Keith Haring é a diversão perfeita para um belo dia de sol.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

CUIDADO: VEADOS NA MARGINAL

São Paulo me surpreende a cada minuto. Se alguém me contasse eu não acreditaria.

Sugiro, portanto, que você veja com seus próprios olhos. Ao longo da Marginal Pinheiros, entre as pontes do Morumbi e João Dias, você verá surpreendentes placas de veados. Sim, veado. Na existência da placa eu acredito porque vi. Mas não há nada que me convença que ali, plena marginal, habitam veados. Acredito em um plano maior.

Minha teoria é que se trata de uma intervenção urbana. Algo genial. Causar estranhamento na gente que ali passa diariamente, achando que os dias são sempre os mesmos. Não. Eles não são. A placa é a prova. Um dia, sua rotina será quebrada. O dia em que você notá-la. Algumas câmeras foram secretamente instaladas pra captarem a sua expressão de surpresa, estranhamento, alegria ou seja lá o que você esboçar. Ainda não conclui o objetivo final desta intervenção urbana. Talvez uma ONG ligada aos direitos dos homossexuais, que subliminarmente queira nos passar a mensagem de “deixem os gays saltitarem em paz, nem que seja na marginal”. Ou então uma campanha ecológica, para pensarmos na extinção dos animais. E para lembrar que um dia habitaram veados em São Paulo.

Não consigo parar de formular teorias. Meu caminho pela marginal nunca mais será o mesmo.

Ps: Ao terminar este post, uma prova da minha ignorância. A placa com desenho do alce não é especificamente para os veados. Significa a presença de animais selvagens. Mas decido deixar minha crônica do jeito que está. Vamos encarar como licença poética.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

SOS - frases geniais

Preciso rechear o meu Manual de Sobrevivência em São Paulo com coisas interessantes. E de preferência, que retratem o pensamento do carioca e do paulistano - ou do paulista. O que um pensa do outro? Ou como cada um se enxerga? O que os diferencia? O que cada um tem de engraçado no seu comportamento? Não vale baixaria, nem linguagem depreciativa. Como não sei criar frases curtas geniais, preciso da ajuda dos universitários. Por favor, coloquem aqui no post frases que definam bem o paulistano ou o carioca. Ou então uma frase que sintetize a diferença entre estes dois povos. É fundamental que você me informe o seu nome, idade e profissão.

As melhores frases, serão colocadas no meu querido Manual, com seu devido crédito. Juro que não roubarei autoria das frases!

Das Alagoas pra Sampa

Só agora voltei de férias. Acho que sou a única blogueira que tem a cara-de-pau de tirar férias também do blog. Sei que estou dando mais munição para que os paulistas chamem os cariocas de vagabundos. Nem sequer enviei matérias para o blog, lá de onde estava, “nas” Alagoas. Assunto não faltava.

Antes de ir, uma amiga carioca fez um comentário que já daria pano pra manga. “Ah, eu não sabia que você tinha parentes por lá”, foi o que ela disse quando eu contei que passaria dez dias em Alagoas. A frase dela, subliminarmente, vem com o seguinte significado: “Gastar suas férias e seu dinheiro pra ir pra este fim de mundo, só se justifica se você tiver algum parente por lá. E só se for pai e mãe. “ Acabei não dando resposta à altura, uma vez que sofro da síndrome das respostas retardatárias. Só me lembro de uma resposta à altura, meses depois do desaforo, totalmente fora do timing.

Algumas observações no dia-a-dia do hotel dariam bons posts pro blog. Podia ter escrito lá do hotel, em “real time” – bacana meu inglês, não? - sobre a orgia gastronômica que é o tal sistema “all inclusive” de um resort. Presenciei depoimentos contundentes de hóspedes que assumiam que “precisavam” ir embora, pelo simples fato de não agüentarem mais comer. O tal sistema, faz qualquer um perder a compostura. Lotar o prato de lagosta, equilibrando aquelas carcaças até trinta centímetros de altura, era algo corriqueiro – porque sabe como é, tá tudo incluso, né? Uma vergonha.

E o que dizer do apartheid social? Ao entrar no restaurante, o aviso é claro: famílias com crianças só podem se instalar nas mesas do lado direito – bem distante das pessoas normais.

Os recreadores são um capítulo à parte. Se recreação infantil já é algo deprimente, o que dizer dos recreadores de adulto? No mínimo, uma profissão infeliz. As atividades escolhidas são sempre esdrúxulas, sendo a mais deprimente a hidroginástica. Muitos gritos e axé music a todo volume pra acompanhar. Detalhe: só os gordos participam, achando que finalmente encontraram um exercício “animado” para sair do ócio.

Mas se eu continuar falando das minhas férias vai parecer falta de assunto pro meu blog. E é mesmo. Preciso voltar ao que interessa: São Paulo na veia!
Estou de volta a terrinha!