Morar longe da praia faz a gente adquirir estranhos hábitos.
Um deles é ir ao museu em um lindo dia de sol.
No último domingo, fui com meu pequeno, de oito anos, a uma das oitocentos e noventa boas exposições da cidade – a do Keith Haring. Devo confessar que a primeira reação que tenho, ao pensar na possibilidade de visitar uma exposição é a inércia. Sim, a inércia. Tão mais fácil esse negócio de visita virtual, não?! Passada essa vergonhosa primeira etapa, sigo rumo ao Conjunto Nacional.
Keith Haring é tudo aquilo que a gente imagina. E mais um pouco. Além de você ver uma explosão de cores, alegria, loucura e, porque não, pornografia, vai ter a chance de ver o seu acervo pessoal. Confesso que rolou um ligeiro mal estar com meu pequeno ao olharmos aqueles homenzinhos de quatro, sendo currados por et’s. Ainda bem que ele correu pro segundo andar. Mãe, vem ver que irado! Subi a escada correndo, imaginando o ápice da pornografia.
Eis que me deparo com o seu acervo pessoal. Não falo do seu tênis Nike surrado, nem dos seus skates hiper coloridos - que era a coisa irada que o João queria me mostrar. Falo dos registros lindos de sua passagem pela Bahia. Momentos de uma temporada em Trancoso, na casa do artista Kenny Scharf, casado com uma brasileira. O envolvimento dele com a família do amigo, é das coisas mais lindas. Suas polaroides no lago mostram momentos raros, singelos.
E o que dizer de suas lindas cartas enigmáticas, cheias de símbolos infantis e texto poético? Com isso, você decifra o que movia esse artista e tamanho talento. A gente imagina esse artista arrojado e moderno, cercado de luxúria e loucura. E ali, no 2º andar da exposição, concluimos que é pura fantasia da nossa mente sórdida – pelo menos a minha sei que é.
Aquele mezanino abriga a sua verdadeira identidade. Sua ingenuidade, pureza, docilidade. Um encantamento com a vida simples, que chega a dar inveja. E um sujeito surpreendentemente organizado. Suas anotações e compromissos eram anotados com ordem e até comentários. Entre eles, imagens de carimbos divertidos, como numa agenda de adolescente. Não poderia ser um carimbo qualquer. Seu carimbo também é pop. Diversas cabecinhas do Mickey habitam os seus compromissos.
Keith Haring é a diversão perfeita para um belo dia de sol.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
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