sábado, 23 de julho de 2011

Fondue Japa

Se você ainda não provou o fondue japonês, aproveite o friozinho e corra para Liberdade.

Meu candidato a uma parada obrigatória para um sukyiaki é o Sushi-Yassu. Não, não se trata de restaurante com chef celebridade. Também não espere um daqueles japoneses “ousados” que oferece sushi de carne seca com abóbora. O Sushi-Yassu é japonês raiz. E da melhor qualidade.

O sukyiaki se assemelha ao fondue no ritual de preparo. Em uma panela contendo uma espécie de água mágica o garçon vai aos poucos colocando legumes e carne - cortada fina como um carpaccio. Não tenho a menor idéia do que se põe na água, só sei que o toque adocicado e misterioso é divino.

O ambiente do restaurante é simples e aconchegante. A melhor pedida é escolher um dos quartinhos com tatame. Mas fique sabendo que para usufruir dos pequenos ambientes privados é necessário o pagamento de uma taxa de doze reais.

Rua Thomás Gonzaga, 98 - Liberdade - tel: 3209-6622
www.sushiyassu.com.br
Valor do Sukyiaki: R$ 69,00 - para dois.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Férias no parque

Sei que para a maioria dos pais a palavra férias vem acompanhada da palavra desespero. Se os dois ralam das oito às oito, restam poucas alternativas: é colônia de férias ou acampamento. Sim, na cultura paulistana é comum deixar seu filho uma boa parte das férias imerso no universo da animação descontrolada dos recreadores e tios que comandam os acampamentos localizados fora da capital. Por outro lado, consideremos que é a rara oportunidade da criança vivenciar e entender que o habitat natural da galinha não é o freezer.

Mas se você, assim como eu, tem o privilégio de poder dedicar um mínimo do seu tempo diário para os filhos, deveria parar de reclamar do tormento que é ficar com as crianças no seu pé dentro de casa. Sei o quanto é duro aguentá-las subindo pelas paredes e voando de um sofá para outro. Mas eu juro que o suicídio não é a sua única saída. Sugiro uma atitude mais sensata. Vamos nos aliar aos pequenos guerreiros, parar de tratá-los como inimigos e curtir esse restinho de férias juntos. Pelo menos foi o que fiz ontem , após certa pane mental. E não precisa ser muito criativo, pensar em atividades muito complicadas ou pedagógicas.

Minha dica é aproveitar o programa mais óbvio e democrático da cidade: o Ibirapuera. O gigante verde tá sempre deitado ali, esperando você. Mas eu sei, nunca é o melhor dia para ir com as crianças. Tem sempre muita gente, tem sempre outra coisa mais interessante para se fazer, tem sempre uma boa desculpa. Acabamos indo às grandes exposições e só. Entramos e saímos sem dar a menor bola para o melhor espaço de entretenimento ao ar livre da cidade.

Quanto a quem mora ali perto, desconfio que muitos, embora valorizem e ostentem o fato de morar ao lado do Central Park paulistano (adoro essa comparação cafona!) sofram da síndrome do já-fui-oito-vezes-a-Disney-com-meus-filhos-mas-não-me-peça-para-interagir-com-eles-em-um-parque-público (não acredito que estou usando esse recurso irritante de hifenização...)

Voltando a minha experiência. Sinto-me privilegiada. Não só por ter escapado dos pensamentos suicidas, mas por ter resgatado meu encantamento pelo parque. A começar pelo preço do aluguel da bicicleta: 5,00 a hora. Tudo bem que a marcha não funcionava, o freio era quase nenhum e o banco parecia de aço. Mas só o fato de você não ter que perder meia hora carregando e descarregando sua bicicleta do carro, já vale deixar a frescura de lado e encarar. A sensação de andar dentro do Ibirapuera, realmente tira você de qualquer lembrança de que mora no caos. É verde que não acaba mais. Eu já nem me lembrava que naquele lago habitava um número tão grande de patos e outras espécies com bico que eu confesso não saber identificar.

Essa época de férias é perfeita para curtir o Ibirapuera. Ainda mais para os que podem se dar o luxo de ir entre segunda e sexta, quando se pode transitar sem risco de morte por atropelamento.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O poetinha da terra cinzenta

Esse post era apenas para eu dar a dica sobre um dos músicos mais bacanas da cidade. Mas como não sei separar sentimento de opinião e assim como acredito que arte não pode ser só técnica, precisa de emoção, tenho que juntar meus retalhinhos de sentimentos nesse texto até chegar ao momento em que descobri o menino talentoso que encanta as pessoas com seu acordeon.

Quando aqui cheguei, eu não sabia que o desconforto permanente que eu sentia era o fato de que essa célula indefinível chamada São Paulo tinha o poder de me lembrar a cada segundo que sou tão caótica como ela.
Para amenizar esse impacto, descobri a importância do refúgio musical, dentro da minha bolha chamada carro. Assim, virei dependente química da leveza de Paulinho da Viola e Vinícius de Moraes – essenciais para encarar a dureza e a loucura dessa cidade.

Na minha busca musical, descobri que no solo cinzento paulistano nascem coisas especiais e inacreditavelmente leves e belas, como a voz e a música da Céu, da Mariana Aydar e a sambista Dona Inah. No universo masculino, o cenário parece mais deserto - ou com menor divulgação. Não só em São Paulo, mas em relação ao mercado nacional, tenho a impressão que para cada dez Marias Gadus ou Vanessas da Mata que surgem, aparece um Seu Jorge.

Não temos como mensurar se os homens estão menos férteis no campo musical ou se as gravadoras são mais seduzidas pela voz feminina ou qualquer outra teoria absurda que possa surgir. Seja lá qual seja a verdade, só sei que na safra de agosto de 1982, nascia no improvável solo chamado Cohab – um conjunto habitacional no bairro de Guaianases – o multitalentoso Marcelo Jeneci.

E no dia 11 junho de 2011, dentre as oitocentos e noventa e quatro opções de shows na cidade, tive a sorte de escolher justamente o de Jeneci. Sempre me incomodo com apresentações de poses marcadas, onde parece que o artista decorou cada passo ou gesto no palco. Na minha mente saudosista sempre me vem a imagem do show, no mínimo despojado, do Vinícius na Itália, onde ele canta sentado atrás de uma mesa coberta por uma indefectível toalha de onça, copinho de whisky na mesa e seu inseparável cigarro na ponta dos dedos. No meio do show entra Miúcha, com sua simplicidade encantadora, em seu vestidinho tomara que caia de algodão branco e sua voz pequena e poderosa. Para essa geração a magia do show estava longe do marketing, da imagem construída e desejada. Existia apenas emoção e verdade.

Mas hoje posso comemorar o não falecimento da música genuína, feita com sentir de verdade, com autenticidade e poesia. O show de Jeneci tem o lamento e a mágica do acordeon, tem a voz deliciosamente infantil da Laura Lavieiri e um olhar lindo sobre a vida que transpassa pela música e cola no coração da gente.

Assim encontrei o poeta mais novo dessa geração, que me ajuda a viver e a manter minha ternura no meio do caos.

“ Melhor viver, meu bem, pois há um lugar em que o sol brilha pra você.
Chorar, sorrir também e depois dançar, na chuva quando a chuva vem...”(Felicidade-Marcelo Jeneci)

Próximo show: Praça Benedito Calixto dia 7 de agosto às 17:30h , no Festival de Talentos Bohemia.
www.marcelojeneci.com.br