domingo, 24 de abril de 2011

Feijoada, Itu, terrenos e delírios.

Se você quiser comer uma boa feijoada em uma deliciosa varanda de arquitetura colonial, bem longe dos arranha céus e do caos, escolha um sábado de sol e pegue a estrada. Em apenas cinqüenta minutos (provavelmente o tempo mínimo que você deve gastar diariamente para chegar ao seu trabalho), você adentra outro mundo de paz e aconchego. Essa é uma dica especial para você se livrar do stress e comer bem, por um preço razoável. Logo ali em Itu, está o Hotel San Raphael, onde comi uma deliciosa feijuca no sábadão pré-Páscoa. Claro que não comi de tudo, porque afinal de contas vivo uma dieta detox, que não me permite tamanha ousadia. Mas comi aquelas duas colheres de couve como se fosse um porco inteiro. Saboreei minha única concha de caldinho da feijoada como se fosse a última. Aliás, nem sei se minha opinião sobre a feijoada vai poder ser levada em conta, dada a minha frágil condição gustativo-psicológica causada pela dieta nazista.

Mesmo ingerindo 10% dos alimentos do meu padrão habitual, tive total sensação de felicidade e prazer diante daquele banquete. Depois dali, estava eu tão bem que não devia ter tido a infeliz idéia de ver terrenos à venda. Nem sei porque estou escrevendo isso, porque afinal de contas o que interessa mesmo é minha dica da feijuca, mas estou tão indignada que vou me aproveitar do meu próprio espaço para soltar toda minha revolta. Será que alguém em sã consciência paga 500 mil reais por um terreno de 2mil m2 em Itu? Será que os franceses é que estão loucos ao cobrar por uma charmosíssima casa em Avignon (que ocupa os mesmos 2mil m2 de terreno) o valor de 283 mil euros - o equivalente a 645mil reais? Eu não sei quais parâmetros os corretores do interior de São Paulo usam. Até entendo que estar perto da capital, a apenas uma hora, é algo a ser considerado, mas não pode ser tão super valorizado assim. Se eu tivesse que escolher, me apertaria um pouco, compraria minha casinha em Avignon e me mandaria pra lá nas férias escolares das crianças, de dezembro a fevereiro. Ok, nunca fui a Avignon, mas acho a idéia de uma casa na região da Provence bem mais sedutora do que em Itu. Deixem-me delirar. Estou de dieta.


www.sanraphaelcountry.com.br/

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Fuga para Gonçalves

São Paulo causa estranhas sensações. Uma delas é o repúdio. Um dia você acorda e seus olhos só conseguem ver o feio. A marginal, o trânsito, a arquitetura cafona da Daslu, a estátua do Borba Gato e uma lista interminável de coisas incrivelmente feias.

Nesse momento tente manter a lucidez e planejar um ponto de fuga. O paraíso mais perto que farejei, saindo de solo paulista, foi a cidade de Gonçalves, em Minas.

Ao passar pelo centro da cidade, em um grande vale, constatei que cheguei ao que precisava. A cidade parece ter apenas duas farmácias, um mercadinho, um médico, um advogado, uma Banco do Brasil e uma paróquia.

Passando pela cidade, uma estradinha de terra para o Hotel Bicho do Mato (quer nome mais apropriado?). Em quinze minutos cheguei ao paraíso. Logo na entrada, um salão envidraçado com a mágica piscina aquecida, abraçada por um visual incrível das montanhas. No quarto, o essencial: lareira, simplicidade e uma janela para o verde. A comida, como de praxe em Minas, é incrivelmente boa.



Passeios à cavalo, milho feito na lenha, despertar ao som do cocoricó. Mas a melhor terapia são os passeios do Otaviano's Rancho. Naquele cenário lindo, rústico, cheio de celas penduradas, a recepção calorosa da doce Dona Rosa, filha do seu Otaviano.

É lá que você faz o pitoresco passeio de trem, que não passa de um gigantgesco trator, super desconfortável (por isso divertidíssimo) e que te leva pelos mais incríveis picos e lindas plantações. Maravilhoso!

Ir para esses cantinhos do Brasil onde o tempo parece não ter passado, são remédios milagrosos. O pulmão se abre, a dor de cabeça some, a paz interna aparece, a semente da gentileza se renova. É comovente a felicidade genuína e a pureza da gente que dali nunca saiu.

Talvez Gonçalves não seja tão visitada pelos paulistanos devido ao tempo do percurso. Teoricamente, são 190 km de São Paulo a Gonçalves. Mas a sensação que a gente tem é a de percorrer o dobro do caminho. Golçalves é a cidade que parece não chegar nunca. Mas pense que para alcançar o paraíso é necessário um pouquinho de sofrimento. Foram exatas três horas, a partir da entrada da Dutra.

Não posso esquecer de falar dos preços das pousadas, que são muito convidativos. Não se compara aos preços da vizinha besta Campos do Jordão e a (dizem)gostosa Santo Antônio do Pinhal.

Se você precisa de um tempo fora da selva caótica, nada melhor do que a terapia rural de Gonçalves.


Pousada Bicho do Mato
http://www.pousadabichodomato.com.br/
pousada@pousadabichodomato.com.br
(35) 3654-1350