sexta-feira, 22 de julho de 2011

Férias no parque

Sei que para a maioria dos pais a palavra férias vem acompanhada da palavra desespero. Se os dois ralam das oito às oito, restam poucas alternativas: é colônia de férias ou acampamento. Sim, na cultura paulistana é comum deixar seu filho uma boa parte das férias imerso no universo da animação descontrolada dos recreadores e tios que comandam os acampamentos localizados fora da capital. Por outro lado, consideremos que é a rara oportunidade da criança vivenciar e entender que o habitat natural da galinha não é o freezer.

Mas se você, assim como eu, tem o privilégio de poder dedicar um mínimo do seu tempo diário para os filhos, deveria parar de reclamar do tormento que é ficar com as crianças no seu pé dentro de casa. Sei o quanto é duro aguentá-las subindo pelas paredes e voando de um sofá para outro. Mas eu juro que o suicídio não é a sua única saída. Sugiro uma atitude mais sensata. Vamos nos aliar aos pequenos guerreiros, parar de tratá-los como inimigos e curtir esse restinho de férias juntos. Pelo menos foi o que fiz ontem , após certa pane mental. E não precisa ser muito criativo, pensar em atividades muito complicadas ou pedagógicas.

Minha dica é aproveitar o programa mais óbvio e democrático da cidade: o Ibirapuera. O gigante verde tá sempre deitado ali, esperando você. Mas eu sei, nunca é o melhor dia para ir com as crianças. Tem sempre muita gente, tem sempre outra coisa mais interessante para se fazer, tem sempre uma boa desculpa. Acabamos indo às grandes exposições e só. Entramos e saímos sem dar a menor bola para o melhor espaço de entretenimento ao ar livre da cidade.

Quanto a quem mora ali perto, desconfio que muitos, embora valorizem e ostentem o fato de morar ao lado do Central Park paulistano (adoro essa comparação cafona!) sofram da síndrome do já-fui-oito-vezes-a-Disney-com-meus-filhos-mas-não-me-peça-para-interagir-com-eles-em-um-parque-público (não acredito que estou usando esse recurso irritante de hifenização...)

Voltando a minha experiência. Sinto-me privilegiada. Não só por ter escapado dos pensamentos suicidas, mas por ter resgatado meu encantamento pelo parque. A começar pelo preço do aluguel da bicicleta: 5,00 a hora. Tudo bem que a marcha não funcionava, o freio era quase nenhum e o banco parecia de aço. Mas só o fato de você não ter que perder meia hora carregando e descarregando sua bicicleta do carro, já vale deixar a frescura de lado e encarar. A sensação de andar dentro do Ibirapuera, realmente tira você de qualquer lembrança de que mora no caos. É verde que não acaba mais. Eu já nem me lembrava que naquele lago habitava um número tão grande de patos e outras espécies com bico que eu confesso não saber identificar.

Essa época de férias é perfeita para curtir o Ibirapuera. Ainda mais para os que podem se dar o luxo de ir entre segunda e sexta, quando se pode transitar sem risco de morte por atropelamento.

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