sexta-feira, 16 de março de 2012

Arte acessível



Minhas atuais garimpagens pela cidade estão focadas no maravilhoso mundo das artes. Isso significa que virão por aí muitos posts sobre o assunto.

Eu sei que falar de arte é subjetivo e quem sou eu pra explicá-la. Em 1917, Marcel Duchamps colocou de cabeça pra baixo o que o senso comum pensava sobre o que é e o que não é arte, enviando um urinol de louça, que ele denominou de "Fonte", para um concurso de arte. Não importa que sua peça tenha sido rejeitada, porque ninguém há de esquecer a mensagem. Pra mim, que não detenho embasamento teórico suficiente, entendo a arte plástica como sendo aquilo que representa visualmente poesia em imagem - seja ela uma escultura, uma pintura ou uma foto.

O motivo do meu mergulho nas artes é que estou mudando de casa. E a quem interessar, continuo no Morumbi. Não acho que seja o melhor lugar do mundo, mas posso dizer que é um oásis que me faz bem. Claro que preciso sair com certa frequencia do muro imaginário que separa o Morumbi da verdadeira São Paulo. Mas talvez essa seja a melhor e mais intrigante revelação da cidade. Talvez não exista uma verdadeira São Paulo. Ela não é uma coisa só. Ela é o que a gente quiser. São Paulo é o que a gente escolhe.

E eu escolhi andar de olhos abertos. Talvez por isso eu esteja louca pra decorar minha casa com fotos. Muitas fotos. Diferentes ângulos de São Paulo. Assim, mesmo dentro de casa, continuarei enxergando a cidade.

Já passei pela fase decorativa do novo habitat e agora estou no que chamo momento azeitona da empada. Isto significa que estou a tentar descobrir uma obra de arte que seja um daqueles achados maravilhosos que nos deixam envaidecidos pelo simples fato de sermos capazes de tal descoberta. De preferência até 200 reais.

Não escolhi esses duzentos aleatoriamente. É simplesmente o valor que posso dispor para arte no momento. Então preciso correr pra achar um artista bem no comecinho - fase essa que equivale a situação de desespero do gênio ainda não reconhecido que precisa pagar pelo menos três meses de aluguel atrasado. Mas se um desses caras cai nas mãos certas, dorme sem-teto e acorda "o artista do momento que custa mais de 10 mil reais". A dupla de artistas plásticos e grafiteiros Osgêmeos representam bem essa transição vertiginosa.

Minha busca não poderia começar em outro lugar: pelas galerias chamadas alternativas. Elas formam um consistente órgão emocional da cidade que eu chamo de porque-é-do-cassete-morar-aqui. Você não tem ideia das preciosidades que esses espaços abrigam nas entranhas de suas paredes. Quase tão tocante quanto essas obras, é ver como São Paulo leva a sério essa galera da arte urbana.


Resolvi começar por uma das pioneiras nesse segmento: a Galeria Choque Cultural. Dei uma passeada rápida pelas telas e me deparei com um artista de olhar muito criativo. O cara faz nada menos do que uma montagem de post its em cima da propria foto. E o resultado é muito interessante. O rapaz, que eu não tenho ideia da idade, se chama Felipe Lopez. Muito bacana, mas infelizmente já muito valorizado. Passo então para outra galeria moderninha, a Vértices, também na Vila Madalena.



Na Vertices vejo algo que adoraria ter na minha parede. São as fotos do Daniel Bernardinelli que teve a grande sacada de registrar os neons da pauliceia ("Art" e "Mundo"), no auge da implementação da lei cidade limpa. O interessante é ver como o objeto da poluição torna-se algo belo e poético através das lentes de Daniel. E o melhor: é acessível. Uma dessas fotos da série Neon, no tamanho 30 x 40 cm, sai por duzentos. Missão cumprida. Já posso começar a minha coleção.



Galeria Choque Cultural
www.choquecultural.com.br
Rua João Moura, 995 - Pinheiros
Rua Medeiros de Albuquerque, 250 - Vila Madalena

Galeria Vértices
www.verticecasa.com.br
Rua Fidalga 66, Vila Madalena

Um comentário:

  1. Poxa, não conheço nenhuma dessas galerias. Gosto disso que vc falou, poder entrar em algo que seria um "beco" e me deparar com coisas diferentes e novidades.

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