domingo, 14 de agosto de 2011

Dicas do Marcelo Duarte sobre Moema

Fui perguntar "o que é que Moema tem de imperdível?" a quem entende tudo de São Paulo - o jornalista Marcelo Duarte (que apresenta o "É Brasil que não acaba mais" na Bandnews fm, que escreveu o Guia dos Curiosos, que é dono da Panda Books, que apresenta o "Loucos por esporte" na ESPN dentre as mil atividades que exerce)

Minha conversa com ele começou em tom de mentira. Da minha parte, é claro. Eu que não ia dizer o propósito da entrevista: dicas de Moema para um blog de dezenove seguidores.

No resto da entrevista, juro que só prevaleceu a verdade. Eu disse que estava em busca de entender a alma de Moema e que eu achava estranho o fato de, por um lado ser um bairro considerado bacana pelos seus moradores, mas por outro sofrer preconceito velado. Ele não tem idéia do porque do preconceito e acha que Moema faz jus ao título de "bairro nobre". Acha seu comércio de alto nível, gosta do fato de poder andar a pé por lá e diz que pelo menos uma vez por semana vai a doceria Só Doces para comer o melhor macaron da cidade - esse doce lindo e colorido da foto, feito com amêndoas que virou moda em São Paulo (não é maravilhosa uma cidade que tem moda gastronômica?). Cita o fato de ser um bairro próximo ao Parque do Ibirapuera, ter excelentes opções gastronômicas e possuir uma ótima casa de shows.



Ainda não estou convencida que Moema é isso tudo. Mas estou louca para ir até lá descobrir o sabor desses belos macarons.

Só Doces
Alameda dos Arapanés,540
Moema - São Paulo - SP

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Da Silva


Todo carioca que se preza gosta de um lugar baratim. E não sou eu quem vou negar essa tradição. Descobrir lugares gostosos e baratos - e se possível com algum charme - sempre dá essa sensação de uau, como é bom pagar pouco pra comer bem.

E foi assim que eu me senti ao descobrir o ótimo Da Silva, em Higienópolis. Uma graça de lugar, com ar meio de boteco e decoração que nos remete ao cenário da Grande Família. Nos fundos, uma bela parede com cestos plásticos coloridos usados como prateleiras. Alguns televisores anos sessenta espalhados, santinhos na parede e ladrilhos cafonas dão o tom da brincadeira.



Para um almoço rápido, a boa pedida é escolher um dos grelhados (carne, frango ou peixe) e se servir à vontade no buffet com acompanhamentos bem caseiros e honestos, tipo arroz, feijão e farofa - além das opções de saladas (essas são bem básicas, mas esse não é o lugar ideal para vegetarianos). Seu gasto ficará entre R$ 20,00 e R$ 30,00, dependendo do tipo de carne que você escolher. Melhor custo benefício, impossível.

O atendimento é ótimo. Garçons simpáticos sob o comando do dono, o Rafa, que fica ali no caixa e se preocupa em perguntar pessoalmente se os clientes foram bem atendidos. Nesses tempos em que os donos de restaurantes parecem ser mega investidores, banqueiros ou franqueadores, fico feliz quando encontro essa espécie em extinção: o dono que fica atrás no balcão.


Da Silva Bar
R. Maria Antônia, 316 - Consolação
tel 2872-2249

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O porquê da lista de Moema

Continuo achando Moema um enigma. Pesa mais o ar meio cafona, da classe média que se acha chique. Mas cada um tem lá sua opinião sobre o que precisa de um bairro para ser feliz.

Eu, por exemplo, moro no Morumbi. Acredito que até mesmo aqui deva ter moradores que julgam esse bairro como o melhor. Justo o Morumbi, coitado, um bairro que é uma espécie de apêndice: uma vez extirpado não fará falta alguma para a memória da cidade. Para os torcedores do São Paulo, talvez.

Mas a minha lista das "10 coisas incríveis que só Moema tem" serve para que eu deixe claro que apesar de Moema não estar na minha lista dos "10 bairros de São Paulo que eu colocaria na Arca de Noé", ainda assim existem preciosidades que valem a visita ao bairro.

Continuo, portanto, buscando mais oito itens para fechar a minha lista de Moema. Quanto ao 10 bairros que eu salvaria, isso vai ficar uns posts à frente.

As 10 coisas incríveis que só Moema tem - parte 1

Na minha busca por preencher a lista das “10 coisas incríveis que só Moema tem”, eu não conseguia sair do item um. Apenas os doces e o bacalhau do restaurante português “A Casota” encabeçavam a minha lista dessas coisas poderosas que justificam você sair de casa não importa qual o bairro ou qual a distância, para ir até lá. Eu precisava apenas de mais nove coisas muito especiais ou muito autênticas ou muito imperdíveis que só se encontram em Moema.

Decidi então conhecer o Bar do Giba no último sábado. A começar pelo tratamento vip que recebi ao ligar para lá, posso dizer que é daqueles lugares que me fez pensar como consegui sobreviver em São Paulo sem nunca ter ido lá. Liguei ainda pela manhã e quem me atendeu foi o Diogo. Não me perguntem quem é o Diogo, mas sei que ao perguntar sobre o horário de abertura e qual a melhor hora para não pegar fila ele me disse para eu não esquentar e que o grande barato da espera era relaxar tomando minha cervejinha gelada , ou se eu preferisse, uma caipirinha. Nem precisa dizer que eu desliguei o telefone e corri para lá.

Ao chegar a rua, a visão do Bar do Giba em um sábado à tarde era quase uma miragem. No meio de um montão de prédios residenciais, em uma calma rua de Moema e com a trilha sonora dos aviões que passavam a dois palmos da minha cabeça, lá estava o buraco mais quente de Moema. Não chega a ser um pé sujo – aliás, é até muito limpinho. Mas as mesinhas cheias na calçada, as pessoas de visual descontraído (nem todas, porque juro que vi uma bolsa de corrente dourada, mas tudo bem , isso é são Paulo) e aquelas maravilhosas cachaças enfeitando o bar são o cenário perfeito para qualquer pessoa passar um maravilhoso sábado na paulicéia. Por sorte, entrei no bar e vi uma mesa desocupada. Falei com o baixinho moreno que arrumava a mesa e ele gentilmente liberou o lugar. Perguntei o nome dele e ele disse sou o Giba. Esse é o grande Giba! Aquele típico dono de bar que limpa as mesas e atende com simpatia seus clientes. E para entrar de vez na lista dos 10 lugares definitivamente incríveis de Moema, posso dizer que a coisa mais charmosa e pitoresca do bar (além da maravilhosa foto em preto e branco do pequeno Giba aos oito anos enchendo o copo do pai de cerveja) é o fato de não ter cardápio. O simpático garçon explica que hoje é dia de filé Oswaldo Aranha e feijoada, dá suas dicas sobre os melhores petiscos e ainda dá uma prova de uma tal barra de torresmo que é a alegria de qualquer apreciador da baixa gastronomia.

Mas como ainda faltam mais oito itens para minha lista, vou recorrer ao mega super garimpador de São Paulo, o jornalista Marcelo Duarte e conto minha conversa no próximo post.

Bar do Giba - Av Moaci, 574 - tel 5535-9220
A Casota - Av Miruna, 442 - tel 5093-6751

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Por uma estética autêntica e honesta.

Voto pela criação de um Órgão Regulamentador da Arquitetura e Harmonia da Cidade, o O.R.A.H.C., que contriburia diretamente para um equilíbrio estético da capital e - por que não ? - emocional de seus moradores. E que esse órgão tenha autonomia para derrubar todas as colunas gregas e toda forma de novo que seja simplesmente uma réplica de quinta categoria de um estilo neoclássico ou rococó.

Eu sei, deveria respeitar o gosto dos outros. Mas o problema é que o mau gosto dos outros - arquitetos insanos - interfere de uma forma brutal dos demais moradores da cidade. Não falo somente da parte estética, mas queria saber por que alguém precisa construir, por exemplo, um prédio residencial de 120 metros de altura - em plena parte baixa da Rua Haddock Lobo. E, ironicamente, o nome do prédio é L'Essence. Não há dúvida que se trata da essência do mau gosto. Um monstro assustador que deixaram emergir no belo bairro dos Jardins.




quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nas ruas do Brás

Sinto-me uma investigadora de São Paulo. Tento juntar as peças todas e encontrar algum sentido nesse caos. Toda e qualquer história da cidade me interessa.

Eis que, cai em minhas mãos, graças à escola do meu filho, o livro mais poético que já vi sobre os velhos tempos na capital. Um livro de recordações da infância do Dráuzio Varella, passada nas ruas do Brás. Além das deliciosas histórias e aventuras do menino Dráuzio, você tem acesso ao maravilhoso universo dos imigrantes italianos e espanhóis.

É a oportunidade de viajar no tempo e mergulhar em um outro Brás...

O Brás onde existia o armazém do Seu Pinto, com sacos empilhados e linguiças penduradas.
O Brás de ruas de paralelepípedo e crianças soltas a brincar.
O Brás dos imigrantes que tocavam piano para sua família aos domingos.
Ah, que delícia de tempo!
Tempo da beleza do coletivo, onde um banheiro servia a três famílias de imigrantes.
Tempo em que podia se chamar carinhosamente a moça que vende doces de negra do manjar.
Tempo em que um menino era apelidado de gordo, sem que isso significasse mal estar.
Tempo em que a poesia sobrevivia dentro de cada lar.
Tempo de vida dura, mas com tempo para se sonhar.

Nas ruas do Brás - autor: Dráuzio Varella
Coleção Memória e História - Companhia das Letrinhas