terça-feira, 1 de junho de 2010

Peripécias de uma carioca em São Paulo tentando desesperadamente finalizar o raio de um manual de sobrevivência - Parte 3

Ponto de virada do meu roteiro. A farsa acaba. Confesso. Tudo mentira.
Desde o começo, eu sabia exatamente o que eu queria no tal curso de biografia relatado no meu primeiro post. Esqueceram que eu tenho um Manual de Sobrevivência em São Paulo pra terminar? Sozinha me sinto insegura. Não chego a lugar nenhum. Preciso de gente grande ao meu lado. Nada melhor do que o Ruy Castro pra encorpar o meu time peso pesado de entrevistados.

A tortura começa. Quatro dias de curso. Primeiro dia. Preciso esperar os intervalos. Iniciarei um rápido bate-papo com o autor. Coisas inesperadas acontecem. Fãs se aglomeram ao redor do ídolo. Espécimes paulistanos são seres diferentes. Tietam indiscriminadamente. Ruy Castro é uma espécie de pop star. Flashes aos montes. Pedidos de dedicatória. Estou vendo a hora que a fã vai levantar a blusa. Autógrafo no seio. Mais flashes. Não acaba nunca.

Espero o dia seguinte. Segunda aula. Estava com tudo na ponta da língua. Abrem-se a perguntas no final. Acontece o furo do século. Não repetirei o que aconteceu. Humilhante demais. Ver relato do furo no segundo parágrafo do post Peripécias parte 1. Minha dignidade foi abalada. Não há condição psicológica para uma entrevista.

Terceiro dia. Final da aula. Flashes, dedicatórias, autógrafos. Consigo me aproximar. Inicio o papo falando de uma amiga em comum. Vamos chamá-la de E. P. Não pensem se tratar de uma menor. Ruy Castro não é pedófilo. Abrevio o nome dela em respeito ao seu estilo reservado. Intelectual respeitadíssima. Não quer holofote. Embora ser citada nesta crônica esteja muito longe de significar uma alta exposição na mídia.

Voltando ao papo. Ele me recebe muito bem. Falar de E.P foi certeiro. Excelente referência. No mínimo, ele pode presumir que não sou uma fã psicopata. Obrigada E.P.
O papo não podia ser dos melhores. Seja na maneira de escrever ou de falar, sua prosa é deliciosa.
Começa falando de sua vinda pra São Paulo. Ao contrário de muitos cariocas, não veio por estar decadente no Rio. Era o ano de 1979. Já era um respeitadíssimo jornalista. Pupilo de Paulo Francis. Também não veio por motivos políticos. Sua motivação é das mais prosaicas. Ele não quer ir pra São Paulo. Ele quer é fugir do Rio. De um amor mal resolvido.

A entrevista com esse ícone da nossa elite intelectual toma um rumo imprevisível.
Gira em torno das peripécias sexuais do jovem Ruy na paulicéia. Concluo que uma bimbada pode mudar o destino de um homem. Nem Ruy Castro está imune.

Não consegui sair desta etapa. O tempo acabou. Resta-me esperar sua volta de Portugal.

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