Há muito, em São Paulo, venho tentando achar um interior com cara de interior.
No meu imaginário, o interior com cara de interior não pode ter prédios.
Interior com cara de interior tem que ter uma praça singela e uma igrejinha.
Interior com cara de interior tem que ter ruas de paralelepípedo ou de terra.
Interior com cara de interior tem que ter velhinhas conversando sentadas na frente do portão.
Interior com cara de interior tem que ter barrigudos tomando cerveja em garrafa em mesas na calçada.
Interior com cara de interior não tem condomínio com seguranças.
Interior com cara de interior não tem chefe de cozinha.
Interior com cara de interior tem um cozinheiro, uma esposa ou uma vovó que seguem receitas de tradição.
E quando eu já havia perdido todas as esperanças de achar esse ideal de interior, eis que encontro um distrito chamado Joaquim Egídio, em algum lugar de Campinas. Justo Campinas, cidade que jamais me despertou esperança de encontrar tão almejado lugar.
Bendita hora que resolvi achar o tal Bar do Marcelino. Após duas horas de confusões com o GPS, que parece não ter entendido o nome da rua, resolvi apelar ao recurso que não falha: a interação humana. (Não sem antes me beneficiar da burrice do equipamento e amolar o meu marido com meu discurso anti gps). Voltando a boa e velha comunicação entre seres da mesma espécie, disquei para o bar e fui atendida pelo próprio Marcelino. Seguindo suas orientações, como em um passe de mágica, atravessamos o mundo real e fizemos uma viagem ao tempo. Ultrapassamos barreiras invisíveis e num piscar de olhos havíamos sido transportados para um autêntico interior com cara de interior.
Foi assim que achei o meu tão sonhado paraíso. E justamente ali fica a casa do Marcelino, que nos presenteia com o melhor da cozinha simples, saborosa e caseira. Quando avistei o bar, percebi o calor logo na entrada: com suas mesinhas de caixote de feira, cheias de gente sorridente, já sabia que ali era "o lugar". E o que dizer do afeto com que Marcelino recebe seus clientes? Sabe aquele calor que a gente acha que se perdeu? Pois ele é preservado por gente como Marcelino. O singelo slogan do bar, resume esse lugar que parece nos abraçar: "Especialidade da casa: você!"
Joaquim Egídio é daqueles lugares que nos tocam, nos emocionam. Demorei muito para encontrá-lo. Uma parada obrigatória para os que precisam reencontrar a paz do interior - da cidade e do seu.
R. Heitor Penteado, 1113
Joaquim Egídio - Campinas
www.bardomarcelino.com.br
sábado, 19 de novembro de 2011
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
OÁSIS URBANO
Eu preciso falar de um paraíso. Mas antes, preciso definir o arquiteto Ruy Ohtake. Não gosto do termo polêmico. Eu arriscaria irregular. Se por um lado cria o incrível desenho de meia melancia do Hotel Unique, por outro é capaz de fazer uma gigantesca torre cor de rosa no lado mais bucólico de pinheiros.
Paradoxalmente, a horrenda torre abriga um dos mais belos centros culturais da cidade, o Instituto Tomie Ohtake. Eu batizo o local como um dos melhores shoppings culturais da cidade. Primeiro, porque tem uma livraria daquele gênero em extinção: pequena, aconchegante e com uma excelente seleção de títulos - não só de arte, mas infantis e clássicos (que em geral nossos olhos não alcançam em uma mega loja). É a Livraria Gaudi, que contém o essencial.
O instituto abriga também uma lojinha bem bacana de design, a "It". Além de incríveis caderninhos e "coisinhas" cheios de bossa para escritório, tem uma boa variedade de jóias e bijous com muito charme e design criativo.
O restaurante do instituto é um caso a parte. Não só por ter aquele ar interessante de restaurante cosmopolita, mas porque o cardápio é elaborado nada menos do que a ótima chef Morena Leite, do Capim Santo. Da sua cozinha saem delícias com sotaque baiano e toque moderno que ela domina como ninguém.
Culminando com o mais importante, as exposições, arrisco dizer que nem é preciso você consultar a programação dos cadernos de cultura antes de partir para lá. A seleção do instituto é sempre muito criteriosa - oferece a cada temporada algo relevante e interessante.
Atualmente está em cartaz a exposição "Chaplin e sua imagem". É uma exposição que nos remete a toda a magia do cinema mudo e do inventor do humor com poesia na telas.
Os registros fotográficos dos bastidores dos seus filmes são documentos preciosos. Ao ler os seus pensamentos, é possível perceber que suas ideias não envelhecem - nos permite uma reflexão profunda sobre os nossos tempos.
"Silêncio: que graça universal. Como poucos de nós sabem aproveitá-lo... Talvez porque ele não possa ser comprado." (Charles Chaplin)
Instituto Tomie Ohtake
Av Brigadeiro Faria Lima, 201 - Pinheiros
(entrada pela rua Coropés)
tel: 2245-1900
Paradoxalmente, a horrenda torre abriga um dos mais belos centros culturais da cidade, o Instituto Tomie Ohtake. Eu batizo o local como um dos melhores shoppings culturais da cidade. Primeiro, porque tem uma livraria daquele gênero em extinção: pequena, aconchegante e com uma excelente seleção de títulos - não só de arte, mas infantis e clássicos (que em geral nossos olhos não alcançam em uma mega loja). É a Livraria Gaudi, que contém o essencial.
O instituto abriga também uma lojinha bem bacana de design, a "It". Além de incríveis caderninhos e "coisinhas" cheios de bossa para escritório, tem uma boa variedade de jóias e bijous com muito charme e design criativo.
O restaurante do instituto é um caso a parte. Não só por ter aquele ar interessante de restaurante cosmopolita, mas porque o cardápio é elaborado nada menos do que a ótima chef Morena Leite, do Capim Santo. Da sua cozinha saem delícias com sotaque baiano e toque moderno que ela domina como ninguém.
Culminando com o mais importante, as exposições, arrisco dizer que nem é preciso você consultar a programação dos cadernos de cultura antes de partir para lá. A seleção do instituto é sempre muito criteriosa - oferece a cada temporada algo relevante e interessante.
Atualmente está em cartaz a exposição "Chaplin e sua imagem". É uma exposição que nos remete a toda a magia do cinema mudo e do inventor do humor com poesia na telas.
Os registros fotográficos dos bastidores dos seus filmes são documentos preciosos. Ao ler os seus pensamentos, é possível perceber que suas ideias não envelhecem - nos permite uma reflexão profunda sobre os nossos tempos.
"Silêncio: que graça universal. Como poucos de nós sabem aproveitá-lo... Talvez porque ele não possa ser comprado." (Charles Chaplin)
Instituto Tomie Ohtake
Av Brigadeiro Faria Lima, 201 - Pinheiros
(entrada pela rua Coropés)
tel: 2245-1900
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