domingo, 13 de março de 2011

Devaneio sobre o Pirajá - um quase bar carioca.

Preciso detalhar meus pensamentos enquanto me deliciava com o Bacalhau ao Brás do Pirajá. Ao adentrar o bar, qualquer carioca sente a sensação do calorzinho materno. Basta, é claro, abstrair um pouco e esquecer que você está em plena Avenida Faria Lima.

Ambiente sempre acolhedor, aquele tratamento simpático que só garçon de boteco sabe dar, freguês abraçado pelas lindas fotos de Dona Zica, Pixinguinha e Monarco nas paredes e embalado pelo samba gostoso da Velha Guarda da Portela. Eis que, de repente, o clima se quebra. Avisto duas tevês de plasma da Samsung dentro do salão. E percebo que os garçons emitem nosso pedido pelo terminal central do computador localizado na coluna central do botequim. É.. O clima de bar carioca autêntico dos anos cinquenta morreu...

Nesse momento, a salvação! Vejo um típico carioca entrar. Vestindo aquela hering meio ferrada e velha, uma bermuda caqui largona, jeito meio largado. Mas olho para o seu pé e percebo meu engano. Seu tênis nike branquésimo de velcro é inadmissível. Afinal, o que faz um cidadão comprar um tênis de velcro? Qualquer pessoa de bom senso sabe que tênis de velcro só é permitido para crianças e idosos. Definitivamente, ele não é um típico carioca.

Concluo que ele é a tradução perfeita do Pirajá. Ambos estão quase lá. Só falta trocar o tênis, tirar as tevês de plasma e passar a utilizar o indefectível bloquinho de pedidos.

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