sexta-feira, 18 de março de 2011

Cá estou eu no The Hub.

Um lugar incrível, cheio de gente com muitas idéias. O the hub é mais do que um espaço que você loca para trabalhar algumas horas. É uma espécie de loft, todo aberto, onde você pode - e deve - interagir com os vizinhos. Confesso que ainda não tive coragem de interagir com ninguém. Tive a idéia de conhecer isso aqui quando li sobre o espaço em algum jornal.

Inicialmente, não pensava em ficar aqui tantas horas. Estou aqui desde as três e meia da tarde. Apenas faria a visita rápida, depois iria para casa e escreveria sobre o assunto. Mas ao vir visitar o lugar, achei tão bacana a dinâmica, a possibilidade de troca com outros seres que tentam não só sobreviver, mas se realizar na selva urbana, que vi enorme potencial para virar conteúdo interessante para o blog (além do imensurável benefício me deixar algumas preciosas horas longe do meu atribulado e inviável escritório-casa).

Estou aqui de frente para uma mesa, estrategicamente bem posicionada. Logo na entrada, virada para o salão. Fico observando atentamente - e espreitando o que dizem - cada um dos futuros empresários ou empreendedores de novos negócios. O bacana daqui é que para se associar você precisar ter sintonia com assuntos relevantes para o planeta. Ou seja, o seu projeto ou filosofia precisa de alguma forma ter sinergia com a busca de um mundo melhor (seja em termos de cultura, sociedade ou meio ambiente). Além, claro de pagar uma taxa mensal, de acordo com o número de horas a ser utilizado. Como preciso abordar alguém para extrair assunto relevante para o blog, dirijo-me ao grande painel na entrada, onde cada um dos usuários coloca sua foto com um breve raiox do seu projeto. Mas o que me chama atenção no resumo de cada um é o que respondem para a pergunta “o que procuro?”. Acho que essa vai ser uma boa maneira de achar uma vítima. A resposta que mais me agradou foi a mais ideológica possível - “mudar o mundo, unir pessoas, paz”. Foi uma tal de Ricardo Gravina quem respondeu isso. Ele aparece bem sorridente na foto. Espero que seja mesmo simpático e que não me expulse da sua mesa quando eu o abordar. Volto para minha mesa. Não encontro Ricardo Gravina. E todos parecem bem absorvidos por seus projetos. Já são quase oito da noite, o the hub fecha em poucos minutos e a chuva desaba lá fora.

Entrevista, só semana que vem...


The Hub
Rua Bela Cintra, 409.
http://saopaulo.the-hub.net

domingo, 13 de março de 2011

Devaneio sobre o Pirajá - um quase bar carioca.

Preciso detalhar meus pensamentos enquanto me deliciava com o Bacalhau ao Brás do Pirajá. Ao adentrar o bar, qualquer carioca sente a sensação do calorzinho materno. Basta, é claro, abstrair um pouco e esquecer que você está em plena Avenida Faria Lima.

Ambiente sempre acolhedor, aquele tratamento simpático que só garçon de boteco sabe dar, freguês abraçado pelas lindas fotos de Dona Zica, Pixinguinha e Monarco nas paredes e embalado pelo samba gostoso da Velha Guarda da Portela. Eis que, de repente, o clima se quebra. Avisto duas tevês de plasma da Samsung dentro do salão. E percebo que os garçons emitem nosso pedido pelo terminal central do computador localizado na coluna central do botequim. É.. O clima de bar carioca autêntico dos anos cinquenta morreu...

Nesse momento, a salvação! Vejo um típico carioca entrar. Vestindo aquela hering meio ferrada e velha, uma bermuda caqui largona, jeito meio largado. Mas olho para o seu pé e percebo meu engano. Seu tênis nike branquésimo de velcro é inadmissível. Afinal, o que faz um cidadão comprar um tênis de velcro? Qualquer pessoa de bom senso sabe que tênis de velcro só é permitido para crianças e idosos. Definitivamente, ele não é um típico carioca.

Concluo que ele é a tradução perfeita do Pirajá. Ambos estão quase lá. Só falta trocar o tênis, tirar as tevês de plasma e passar a utilizar o indefectível bloquinho de pedidos.

Missa, bacalhau e brigadeiro!

Como eu amo o inusitado! Missa ao meio dia em pleno domingo pós carnaval. Não, não virei beata. Mas agora devo ir a missa uma vez por mês para que eu possa mostrar ao meu filho a importância da fé e o sentido dele estar se preparando para a sua primeira comunhão. Não sabia que ao catequisar meu filho eu também teria que reaprender os ensinamentos de Deus, aprendidos lá nos anos oitenta, na escola de freiras. Para minha surpresa, minha primeira missa em São Paulo, na Igreja da Cruz Torta no Alto de Pinheiros, graças ao ótimo sermão do padre Renato, foi um bom resgate da minha fé. Mas vamos ao que interessa, antes que vocês pensem que estou querendo catequisar vocês.

Confesso que por mais que eu tente me concentrar na missa, pensamentos estranhos e hereges invadem a minha mente. Como suspeitar da masculinidade do diácono só porque seu cabelo branquinho parecia ter laquê. Ou pensar “eu não acredito que o padre entrou no discurso dos eco chatos de vamos salvar o planeta”. E já são quase uma da tarde e o único ser divino que eu penso é no bolinho de abóbora com carne seca do Pirajá, a poucos passos da paróquia. Ainda mais depois de degustar a hóstia como se fosse o último pedaço de pão da face da terra.

Uma e dez da tarde. Encerramento da missa. Rumo ao Pirajá. Nada de entradinhas ou feijoada. Resolvo arriscar. Vou de bacalhau ao Brás. Não sei se cometo heresia, mas ouso dizer que é melhor do que o comi no Porto. Suculento, molhadinho, cremoso, cebola e sal no ponto.

E para fechar, cometo o pecado da gula. Uma paradinha ao lado, na Brigadeiro Doceria para me perder de vez em um brigadeiro crocante. Simplesmente divino! Brigadeiro de chocolate branco, recheado de brigadeiro de chocolate com amêndoas e finalizado com farofa de biscoito.

Aguardo ansiosamente a missa no próximo domingo!

Pirajá - Av Brigadeiro Faria Lima, 64 - tel: 3815-6881
Brigadeiro Doceria - Rua Padre de Carvalho, 91 - tel 5096-1707