quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ô Rio decadente!

Na minha última ida ao Rio me empenhei ao máximo em encontrar um Rio decadente. Tantos amigos cariocas em São Paulo que falam mal do Rio... Já estava quase me convencendo que a cidade não vale mais nada.

Na zona sul, onde costumo ficar, o tempo parece não ter passado. Relembro minha antiga rotina de carioca. Passo cumprimentando os porteiros, o jornaleiro, o seu guarda, encontro velhos amigos andando na rua, volto do boteco a pé, quase madrugada. Ô Rio decadente!

Vou a São Cristóvão, vejo que está incrível. Novos empreendimentos, tudo em paz ao redor da Quinta da Boavista. Na volta dou um pulo no Saara, aquele movimento incessante e aquelas novidades maravilhosas. Saio de lá feliz com meu guarda-chuva bem chamativo, com reprodução de fotos dos Arcos da Lapa e do Cristo. E ainda consigo dar um pulo no Villarino, um dos bares preferidos do nosso poeta Vinícius. Saboreio um rissole de camarão e um bolinho de bacalhau que continuam impecáveis. Ô Rio decadente!

Vou ao baixo bebê com meu pequeno, curtimos um sol incrível, tomamos um suco de fruta de conde que não é de polpa no Polis. Ô Rio decadente!

Sou perseguida por um carro da PM, o policial me diz que é uma operação de rotina. Paro na altura da Rocinha e me surpreendo ao ser tratada por um policial de forma educadíssima. Ele me diz que estão dando dura em qualquer carro, de forma aleatória, porque gente do mal também anda em carro importado como o meu. Ô Rio decadente!
Vou a um show de jazz na Rua Dias Ferreira, cheio de gente interessante e bonita. Vi famílias inteiras e crianças, tarde da noite, curtindo um jazzinho a céu aberto. Ô Rio decadente!

Aproveito meu último dia para uma orgia gastronômica. Comi, rezando, uma rabada no Pavão Azul, em Copacabana. E a noitinha, tive a cara-de-pau de sentir fome e me esbaldei com os famosos bolinhos de aipim com camarão do botequim Chico e Alaíde. Ô Rio decadente!

Volto para São Paulo cheia de boas recordações e saudades de um Rio tão decadente.

Obs: Você deve estar se perguntando o que essa minha visão do Rio tem a ver com um blog sobre sobrevivência em SP. Não sei responder ao certo. Talvez porque eu acredite que para amar São Paulo não seja necessário você se voltar contra o Rio.

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